Tenho uma recordação incrível de um dia em específico de 1999. Foi o dia em que o arquiteto francês Dominique Perrault visitou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Neste dia, no período da tarde houve um dos maiores blecautes do Brasil, onde vários estados ficaram completamente sem energia elétrica. A palestra dele foi pela manhã, algo em torno das dez horas. Foi com tradução simultânea. A tradução simultânea é interessante, pois impera um silencio incrível na sala e todo mundo parece uma ilha, pois só se presta atenção ao seu próprio fone de ouvidos e a imagem projetada nos telões. A interatividade é, digamos, comprometida, mas no caso acredito que não se perdeu tanto já que era meu primeiro contato com a arquitetura de Perrault.
Daquela palestra senti a diferença de cultura onde no Brasil a arquitetura é ainda feita sob uma ótica ainda do “arquiteto-artista”, e os escritórios que se profissionalizaram perderam muito em estética e em capacidade de inovar a arquitetura, perpetuando certas arquiteturas que não dizem nada, nem em termos regionais e nem em termos nacionais. Algo um tanto quanto sem sentido, repetido à exaustão, sem critério e perpetuando a “cidade existente” (caótica e sem rumo urbano). De certa forma ele não criticava lá muito o urbanismo, uma ótica diferente do que havia visto dois anos antes, no mesmo auditório da Escola Americana, com o também francês Christian de Portzamparc, que fazia critica mais pontuais ao urbanismo conduzido por Le Corbusier, durante seus anos de estudante. Perrault por outro lado, dava direção para o futuro, do qual atribuía dois principais caminhos para a arquitetura futura. Um deles era ligado a uma renovação do modernismo, o que chamou de neo-modernismo, e a outra uma arquitetura profundamente ligada aos conceitos de “sustentabilidade”, que na época usou o termo “ecológico”. Sendo que de uma forma ou outra a arquitetura estaria condicionada a isso num futuro que disse muito próximo, e mais que isso, que as duas formas do fazer arquitetônicos são complementares, não excludentes.
Como o tempo é uma das melhores ferramentas de análise dos discursos arquitetônicos, é bem verdade que Perrault estava mais do que certo; que ele foi basicamente um profeta no que disse. Bem, Perrault tem uma arquitetura muito interessante. Desde de sua casa até o chamado último projeto da “Era Miterrand”, que foi a biblioteca nacional de Paris, mostrou inúmeras de suas obras já terminadas nesta palestra. Mas até 1999, tudo isso era até certo ponto novo, mas o que Perrault produziu após isso é também fantástico. Ele participa de muitos concursos internacionais, onde explora de forma brilhante conceitos novos de arquitetura, além da grande exposição que estes concursos trazem, mesmo não sendo premiados. Têm de certa forma levado ao debate alguns conceitos novos, mas, porem, no Brasil, sua arquitetura não anda tendo destaque, Basicamente depois dessa passagem de 1999, não tive nenhuma notícia sobre Perrault.
Certa vez, estava numa livraria especializada em livros de arquitetura e me deparei com um livro de obras recentes de Perrault. Não foi um estudo aprofundado, mas que me instigou a buscar muito mais sobre este arquiteto. Tem trabalho em coberturas e em sistemas melhores de conservação de energia, tendo tirado partidos excelentes disso como na Universidade que desenhou na Coréia do Sul. Não só seguiu muito do que disse, mas é de uma coerência incrível; e de um profissionalismo.
Conforme falou Portzamparc, naquela palestra que me referi, em 1997, agora mais de dez anos depois, que a crise atual não é a dos números e sim dos indivíduos. E Perrault mantém também este incrível conceito. Se me fosse pedido fazer um panorama da arquitetura francesa atual, diria que os três arquitetos, Portzamparc, Perrault e Jean Nouvel, com suas inúmeras diferenças, mostram este panorama com toda a diversidade cultural que ainda existe na França de hoje. Sempre digo que uma cultura arquitetônica bastante influente, como foi a do franco-suíço Le Corbusier, que se abriu para o mundo desde os anos 1970 e 1980, com obras como o Centre Georges Pompidou e a pirâmide do Louvre, consegue se renovar com incrível qualidade.
Perrault é ainda um arquiteto jovem, por assim dizer; nascido em 1953 e formado pela Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris em 1978, já tem em seu currículo obras que o colocam como um dos arquitetos mais conhecidos do mundo.
Fico feliz quando fico sabendo da participação de arquitetos franceses atuando no Brasil, como Portzamparc na Cidade da Música Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Mas não sei se concordo, por exemplo, com a idéia de um museu Guggenhein no Rio de Janeiro, e muito menos com o desenho apresentado por Jean Nouvel. Gostaria muito de ver uma obra de Nouvel no Brasil, como fico feliz em ver saindo do papel a obra da sede da fundação Iberê Camargo, a cargo do arquiteto português Álvaro Siza Vieira.
Uma outra obra de Perrault, produto de um concurso, é a Casa da França, no México. Ficaria feliz se a comunidade francesa no Brasil produzisse algo semelhante. Com seus terraços jardim, acredito ser um projeto de fácil execução e de uma força arquitetônica interessantíssima, com suas transparências e inserção urbana. Bem, acho que gosto muito da obra de Perrault... Dispenso maiores comentários, mas uma frase de Ludwig Mies van der Rohe bastaria: “Menos é mais”.
Daquela palestra senti a diferença de cultura onde no Brasil a arquitetura é ainda feita sob uma ótica ainda do “arquiteto-artista”, e os escritórios que se profissionalizaram perderam muito em estética e em capacidade de inovar a arquitetura, perpetuando certas arquiteturas que não dizem nada, nem em termos regionais e nem em termos nacionais. Algo um tanto quanto sem sentido, repetido à exaustão, sem critério e perpetuando a “cidade existente” (caótica e sem rumo urbano). De certa forma ele não criticava lá muito o urbanismo, uma ótica diferente do que havia visto dois anos antes, no mesmo auditório da Escola Americana, com o também francês Christian de Portzamparc, que fazia critica mais pontuais ao urbanismo conduzido por Le Corbusier, durante seus anos de estudante. Perrault por outro lado, dava direção para o futuro, do qual atribuía dois principais caminhos para a arquitetura futura. Um deles era ligado a uma renovação do modernismo, o que chamou de neo-modernismo, e a outra uma arquitetura profundamente ligada aos conceitos de “sustentabilidade”, que na época usou o termo “ecológico”. Sendo que de uma forma ou outra a arquitetura estaria condicionada a isso num futuro que disse muito próximo, e mais que isso, que as duas formas do fazer arquitetônicos são complementares, não excludentes.
Como o tempo é uma das melhores ferramentas de análise dos discursos arquitetônicos, é bem verdade que Perrault estava mais do que certo; que ele foi basicamente um profeta no que disse. Bem, Perrault tem uma arquitetura muito interessante. Desde de sua casa até o chamado último projeto da “Era Miterrand”, que foi a biblioteca nacional de Paris, mostrou inúmeras de suas obras já terminadas nesta palestra. Mas até 1999, tudo isso era até certo ponto novo, mas o que Perrault produziu após isso é também fantástico. Ele participa de muitos concursos internacionais, onde explora de forma brilhante conceitos novos de arquitetura, além da grande exposição que estes concursos trazem, mesmo não sendo premiados. Têm de certa forma levado ao debate alguns conceitos novos, mas, porem, no Brasil, sua arquitetura não anda tendo destaque, Basicamente depois dessa passagem de 1999, não tive nenhuma notícia sobre Perrault.
Certa vez, estava numa livraria especializada em livros de arquitetura e me deparei com um livro de obras recentes de Perrault. Não foi um estudo aprofundado, mas que me instigou a buscar muito mais sobre este arquiteto. Tem trabalho em coberturas e em sistemas melhores de conservação de energia, tendo tirado partidos excelentes disso como na Universidade que desenhou na Coréia do Sul. Não só seguiu muito do que disse, mas é de uma coerência incrível; e de um profissionalismo.
Conforme falou Portzamparc, naquela palestra que me referi, em 1997, agora mais de dez anos depois, que a crise atual não é a dos números e sim dos indivíduos. E Perrault mantém também este incrível conceito. Se me fosse pedido fazer um panorama da arquitetura francesa atual, diria que os três arquitetos, Portzamparc, Perrault e Jean Nouvel, com suas inúmeras diferenças, mostram este panorama com toda a diversidade cultural que ainda existe na França de hoje. Sempre digo que uma cultura arquitetônica bastante influente, como foi a do franco-suíço Le Corbusier, que se abriu para o mundo desde os anos 1970 e 1980, com obras como o Centre Georges Pompidou e a pirâmide do Louvre, consegue se renovar com incrível qualidade.
Perrault é ainda um arquiteto jovem, por assim dizer; nascido em 1953 e formado pela Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris em 1978, já tem em seu currículo obras que o colocam como um dos arquitetos mais conhecidos do mundo.
Fico feliz quando fico sabendo da participação de arquitetos franceses atuando no Brasil, como Portzamparc na Cidade da Música Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Mas não sei se concordo, por exemplo, com a idéia de um museu Guggenhein no Rio de Janeiro, e muito menos com o desenho apresentado por Jean Nouvel. Gostaria muito de ver uma obra de Nouvel no Brasil, como fico feliz em ver saindo do papel a obra da sede da fundação Iberê Camargo, a cargo do arquiteto português Álvaro Siza Vieira.
Uma outra obra de Perrault, produto de um concurso, é a Casa da França, no México. Ficaria feliz se a comunidade francesa no Brasil produzisse algo semelhante. Com seus terraços jardim, acredito ser um projeto de fácil execução e de uma força arquitetônica interessantíssima, com suas transparências e inserção urbana. Bem, acho que gosto muito da obra de Perrault... Dispenso maiores comentários, mas uma frase de Ludwig Mies van der Rohe bastaria: “Menos é mais”.
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