Muitas vezes vejo que certos estilos musicais geram barreiras sociais. Não me refiro a aquela inveja do sucesso de certos músicos por músicos de menor sucesso, mas sim dos públicos específicos. Consigo desde sempre ouvir quaisquer ritmos ou estilos musicais sem perder o senso crítico. Não me importo muito com as barreiras sociais que estão por entre eles. Seria algo que é muito difícil de explicar, mas que faz com que as pessoas se fechem a modismos e a uma falta de vontade maior de conhecer algo além dos seus critérios já adquiridos. Parece às vezes um medo. Não à toa o programa de Artur da Távola chama “quem tem medo de música clássica?”
Mas eu não descobri o porquê as pessoas tem esta certa dimensão do conhecimento de algum estilo musical diferente do que já conhece é desinteressante. E o pior disso é ver a tal nova educação partilhar desse critério. O RAP nasce na periferia. E hoje é celebrado nas rodas como algo de valor cultural, sendo transmitido nas escolas. Mas onde nasce o RAP não se cultiva o conhecimento da música erudita. Isso para mim é matar uma cultura. E quem detesta RAP não tem outra opção? Inicialmente eu também caí nessa facilidade. O RAP na minha adolescência ainda não havia criado artistas nacionais, como Racionais Mc´s, mas já havia influencia externa e era a época do House e algumas manifestações eletrônicas antes da internet. Eu detestava aquilo. Mas que tudo, tive uma professora de artes que incentivava a experiência dos alunos em suas aulas. Ou seja, em vez de aprender novas coisas estava só mostrando o pouco que sabia. Tristeza total lembrar disso hoje, principalmente de um trabalho, ao qual fiz (em grupo) uma pesquisa sobre esculturas e a classe em sua votação do que mais gostava acabou caindo numa daquelas colagens, típicas da adolescência daqueles anos, cheia de figuras de surfistas, marcas de roupas, etc. feitas de recordes de revistas. O ponto mais interessante que naquele mesmo ano fomos à Bienal de Artes e lá estava arte como instalação, trabalhando com os sentidos todos e em três dimensões e não mais aquela coisa passada das colagens bidimensionais. O repertório que deveria ter sido ampliado nas aulas se tornou uma manifestação do pouco conhecimento adquirido. Este por sua vez quando em choque com a mostra de arte se mostrou um abismo muito maior e com pouca visibilidade de ser ultrapassado.
Passando isso para a música, a barreira é muito maior. Não existem mostras de música e os festivais atuais são nada mais que coletâneas de shows de bandas já consagradas. A dificuldade de saber onde acaba uma manifestação popular e se inicia algo de consumo é pequena. A falta de profundidade na música é cada vez maior. Isso deixa um legado de baixa cultura para gerações seguintes. É só parar para ver a música feita nos anos 1980 e identificar a baixa qualidade musical daquilo que se tornou popular. O legado dos anos 1990 foi recorrer aos anos 1970 para buscar alguma qualidade. O detalhe que isso só ocorreu no Brasil, pois mesmo sendo bastante popular a música dos anos 1980 internacional tem um padrão de qualidade muito melhor que o nacional. Nos anos 1990 a música nacional se globalizou mais, sendo mais aberta à incorporação de ritmos brasileiros e deixando de lado certos atributos comerciais e dialogando mais com gerações anteriores. É o caso de Cidade Negra, Skank ou a volta de artistas como Jorge Ben Jor e as novas experiências dos Paralamas do Sucesso, por exemplo. Isso deixava meio de lado aquele rock nacional batido dos anos 1980, com Titãs, Irá, RPM, etc.
Ao mesmo passo, nascia uma onda que chamo brincando de neo-hippies pós-modernos. Um pessoal que defendia a música nacional baseada nas experiências musicais dos anos 1970, como Gil e Caetano, criticando o gosto pelas bandas internacionais. Tinha também uma forma de se vestir (neo-hippie) e de atitudes “politizadas”. Em tempo preferia a onda surfista dos anos 1980... Acontecia então um dos primeiros usos da música como barreira social. Era como uma defesa de idealismos, sendo que a música por mais idealista que seja, continua só sendo música. E então ali existia a diferenciação daqueles que detinham o conhecimento para aqueles que deveriam seguir o “novo” paradigma... Isso aconteceu com punks, rockers, carecas, góticos, metaleiros e cabeludos de uma forma geral. Era a atitude que nada tinha que ver com a música para fazer desde badernas até ataques à emissora de rádio. E praticamente nada disso tinha a ver com os líderes das bandas. Para mim continua sendo um fenômeno sem explicação.
Mas eu não descobri o porquê as pessoas tem esta certa dimensão do conhecimento de algum estilo musical diferente do que já conhece é desinteressante. E o pior disso é ver a tal nova educação partilhar desse critério. O RAP nasce na periferia. E hoje é celebrado nas rodas como algo de valor cultural, sendo transmitido nas escolas. Mas onde nasce o RAP não se cultiva o conhecimento da música erudita. Isso para mim é matar uma cultura. E quem detesta RAP não tem outra opção? Inicialmente eu também caí nessa facilidade. O RAP na minha adolescência ainda não havia criado artistas nacionais, como Racionais Mc´s, mas já havia influencia externa e era a época do House e algumas manifestações eletrônicas antes da internet. Eu detestava aquilo. Mas que tudo, tive uma professora de artes que incentivava a experiência dos alunos em suas aulas. Ou seja, em vez de aprender novas coisas estava só mostrando o pouco que sabia. Tristeza total lembrar disso hoje, principalmente de um trabalho, ao qual fiz (em grupo) uma pesquisa sobre esculturas e a classe em sua votação do que mais gostava acabou caindo numa daquelas colagens, típicas da adolescência daqueles anos, cheia de figuras de surfistas, marcas de roupas, etc. feitas de recordes de revistas. O ponto mais interessante que naquele mesmo ano fomos à Bienal de Artes e lá estava arte como instalação, trabalhando com os sentidos todos e em três dimensões e não mais aquela coisa passada das colagens bidimensionais. O repertório que deveria ter sido ampliado nas aulas se tornou uma manifestação do pouco conhecimento adquirido. Este por sua vez quando em choque com a mostra de arte se mostrou um abismo muito maior e com pouca visibilidade de ser ultrapassado.
Passando isso para a música, a barreira é muito maior. Não existem mostras de música e os festivais atuais são nada mais que coletâneas de shows de bandas já consagradas. A dificuldade de saber onde acaba uma manifestação popular e se inicia algo de consumo é pequena. A falta de profundidade na música é cada vez maior. Isso deixa um legado de baixa cultura para gerações seguintes. É só parar para ver a música feita nos anos 1980 e identificar a baixa qualidade musical daquilo que se tornou popular. O legado dos anos 1990 foi recorrer aos anos 1970 para buscar alguma qualidade. O detalhe que isso só ocorreu no Brasil, pois mesmo sendo bastante popular a música dos anos 1980 internacional tem um padrão de qualidade muito melhor que o nacional. Nos anos 1990 a música nacional se globalizou mais, sendo mais aberta à incorporação de ritmos brasileiros e deixando de lado certos atributos comerciais e dialogando mais com gerações anteriores. É o caso de Cidade Negra, Skank ou a volta de artistas como Jorge Ben Jor e as novas experiências dos Paralamas do Sucesso, por exemplo. Isso deixava meio de lado aquele rock nacional batido dos anos 1980, com Titãs, Irá, RPM, etc.
Ao mesmo passo, nascia uma onda que chamo brincando de neo-hippies pós-modernos. Um pessoal que defendia a música nacional baseada nas experiências musicais dos anos 1970, como Gil e Caetano, criticando o gosto pelas bandas internacionais. Tinha também uma forma de se vestir (neo-hippie) e de atitudes “politizadas”. Em tempo preferia a onda surfista dos anos 1980... Acontecia então um dos primeiros usos da música como barreira social. Era como uma defesa de idealismos, sendo que a música por mais idealista que seja, continua só sendo música. E então ali existia a diferenciação daqueles que detinham o conhecimento para aqueles que deveriam seguir o “novo” paradigma... Isso aconteceu com punks, rockers, carecas, góticos, metaleiros e cabeludos de uma forma geral. Era a atitude que nada tinha que ver com a música para fazer desde badernas até ataques à emissora de rádio. E praticamente nada disso tinha a ver com os líderes das bandas. Para mim continua sendo um fenômeno sem explicação.
Um comentário:
Se não é de acesso universal, nem música é.
Quem fica sem explicação sou eu, para entender o tamanho que essas bandinhas têm na vida de tanta gente.
Postar um comentário