fevereiro 05, 2009

O dia em que concordei com a Soninha...

É. Esse dia aconteceu. Tempos atrás falei sobre ela. Não exclusivamente sobre ela, mais da idéia do PT querer cassar seu mandato de vereadora (aqui). Mas agora quero falar de uma breve entrevista que assisti no programa Amaury Jr.

Soninha estava como sempre com a carinha jovem, com roupas de moleton esportivo e bem à vontade. Amaury, como sempre muito bem trajado, sempre educado e surpreendentemente fantástico entrevistador. Cercou-a com inúmeras perguntas e opinou muito bem sobre os temas tratados, se mostrando um jornalista que eu nunca havia reparado. Foi uma entrevista inédita, pois Amaury tocou em assuntos polêmicos como aborto, religião e diploma universitário de jornalismo com delicadeza e muito inteligência, digna dos grandes jornalistas. Agora que já disse minha opinião a respeito dele volto a falar dela, cuja entrevista mesmo sendo histórica não vai constar dos grandes comentaristas por puro preconceito ao Amaury.

Em outras entrevistas via uma Soninha protegida, sempre dando entrevistas com clichês, onde os jornalistas tinham total e boa vontade para deixá-la falar qualquer coisa desde que estivesse dentro daqueles assuntos de sempre, como a ciclovia e o ciclismo, o verde, os jovens, esportes, etc. Não que esta entrevista tenha fugido disso, mas foi um passinho além e sem brutalidade (de Maluf), se é que me entendem.

Dentro dos assuntos abordados o que eu concordei foi o aborto. Ela se disse contra, justamente por sua religião. Isso me deixou feliz por dois motivos: ser contra e por motivos morais religiosos. É a evolução da “vanguarda do atraso”, como comentei no longínquo outubro de 2007. Quando também se posicionou contrária à obrigação do diploma universitário foi a segunda vez que concordei com ela. No fundo eu concordo com ela, porém pelos motivos contrários, sempre, uma vez que não acredito na máxima “dos fins justificam os meios”.

Naquele momento em que se elegeu vereadora pelo PT, este era uma outra “utopia”, da qual eu já desconfiava e se tivesse as informações que tenho hoje teria a certeza de que não passava de um cenário (por sinal aprendido com o PSDB). Na hora que saiu do PT senti que não era mais uma idiota útil. Falta ainda muito para se soltar dos pensamentos monitorados por uma “patrulha ideológica”, se é que vai conseguir. Da mesma forma que um Ciro Gomes (que também fala coisa com coisa), ela tem mérito, mas está do “lado errado da força”. Não só ela, mas os poucos que conseguiram se livrar da patrulha e permanecer em evidencia, como Fernando Gabeira, tem ao seu lado uma questão meio de pé quebrado. Diria impopular, sempre. Para ser mais exato, Gabeira em 2002 quase não se elegeu. Foi para o PT e depois voltou ao PV. Suas ultimas vitórias eleitorais se devem ao fato de justamente se opor “aos fins que justificam os meios”.

Felizmente ela segue este caminho. Gostar dela como pessoa nada tem a ver com as atitudes políticas, as atitudes como mulher pública. Se gosta de andar de bike, perfeito. Ser favorável a uma campanha para melhorar as vias e fomentar as bicicletas na cidade, mais perfeito ainda. O que não rola é tentar defender atitudes individuais e escolhas individuais, para a coletividade. Ao se posicionar a respeito união civil de homossexuais hesitou. Amaury foi um cavalheiro e a fez responder qualquer coisa sem muita importância. Foi ali o início da grande entrevista de Amaury. Foi mais sutil quando defendeu o diploma enquanto Soninha falava da qualidade dos profissionais em relação a diplomas – outra evolução. (Comentário: hoje a certificação demanda uma quantidade infernal de títulos, na maioria das vezes contestáveis, e isso implica na decisão da contratação. Fato mais presente nos cursos das ciências humanas. O fato de visualizar isso é uma grande evolução.)
Por fim tenho a dizer que é muito melhor ter inúmeras Soninhas que outras figuras do nosso cotidiano, tanto televisivo quanto político. Só o fato de ter dado a entrevista, coisa que muita gente não daria por ser Amaury um “colunista social” já é uma forma de deixar de separar os mundos. Lembro de certa vez Humberto Gessinger falar num programa da MTV (não para Soninha, acho que para a Sarah) que achava que a partir dos anos 1990 muitas vezes a música era usada como divisor. E ele achava interessante o começo da carreira dele que iam ao Chacrinha e tocavam ao lado de artistas super-populares e que esta mistura gerava mais benefício que a atual separação “dos meios”. Isso é um fenômeno da esquerda, sem dúvida. Sempre eles querem formar um “novo mundo”, não conseguindo nem melhorar este, pois desprezam quem dele faz parte (isso é o típico pensamento de esquerda: eliminar quem é diferente para conseguir um “novo mundo”). Esta manifestação também foi declarada pelo Fausto Silva, numa participação de Amado Batista em seu Domigão. Fausto declarava que Amado Batista fez a platéia do Perdidos na Noite, nos anos 1980, repleta de jovens, curtir, o que não era fácil para quem se lembra do programa. Bem, como já estou fugindo do tema. É melhor finalizar por aqui, quem sabe um dia volto a falar dos lemas de pé quebrado da esquerda. No fundo diria que Soninha não é de esquerda, mas uma liberal que não se descobriu, porém a vida é como é...

Um comentário:

Anônimo disse...

Arquiblogueiros de plantão, passei pra convidá-lo a conhecer meu blog:
http://pontoforadeplano.blogspot.com

Abraços =)

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