A Companhia das Letras lançou recentemente uma coleção com a republicação de muitos títulos de Jorge Amado. Era de esperar que isso acontecesse mais cedo ou mais tarde. Acho até recente a republicação de sua obra. Sua morte ocorreu a menos de 10 anos e não acredito que nesse meio tempo sua obra tivesse um “novo olhar”, para ser lançada nesse momento. Eu creio que o valor de uma obra literária só pode ser dado com o tempo. Jorge Amado enquanto vivo manteve presença no meio cultural brasileiro, e mais que tudo, teve participação direta na militância política. Não sei se isso foi bom para avaliar sua obra, mas com certeza a adaptação à teledramaturgia lhe garantiu reconhecimento do grande público, que mesmo sem o ter lido tinha conhecimento de seu nome e do contexto de suas obras.
Talvez o tal microcosmo que escrevia a respeito esteja fora de moda. Talvez aquele discurso meio do pé quebrado sobre a ditadura, com a distancia da mesma e uma democracia comandada pela esquerda um tanto mequetrefe, tenha deixado de fazer eco. Talvez tenha deixado um rótulo cansativo, de um nordeste que hoje talvez não faça mais sentido. É duro ter que avaliar a vida do escritor em vez da qualidade de sua obra. Mas como acontece com José Saramago, Jorge Amado sofre do mesmo mal. Sua obra literária passa pela biografia do autor para ser criticada. Acho que seria estranho tentar falar da biografia de um autor do século XIX para avaliar sua obra escrita, porém, como em certo momento a atitude política tinha mais força que o objeto cultural, tem uma enorme falha na critica literária, simplesmente, no caso de Jorge Amado, sendo ausente ou precária. E hoje, é quase um afronto tentar criticar sua obra; parece intocável. Pode-se criticar Machado de Assis, mas não Jorge Amado. Não vejo estudos sobre sua obra (digo popular, fora das academias). Eu duvido que entre “Capitães da Areia” (1937) e “O Sumiço da Santa” (1988) seu estilo tenha sido imutável. Mas parece que não se discute sobre literatura, principalmente quando se fala sobre Jorge Amado. Não aparece naturalmente para um estudante essa diferença. Durante meu curso de graduação somente uma vez Jorge Amado foi citado. E o foi por causa do lançamento de um livro de sua esposa. Creio que estudar nos anos 1990 não era o mesmo dos anos 1960. Só sei que falar de Jorge Amado e José Saramago no mesmo dia não é pura coincidência. Os dois formam coleções da Companhia das Letras; os dois são escritores de língua portuguesa; os dois foram militantes da esquerda; os dois geram muita discussão sobre a qualidade de suas obras; os dois possuem um discurso complexo e contraditório. Bem, se já tinha dúvidas a respeito de Saramago, agora as tenho em relação a Jorge Amado também
Talvez o tal microcosmo que escrevia a respeito esteja fora de moda. Talvez aquele discurso meio do pé quebrado sobre a ditadura, com a distancia da mesma e uma democracia comandada pela esquerda um tanto mequetrefe, tenha deixado de fazer eco. Talvez tenha deixado um rótulo cansativo, de um nordeste que hoje talvez não faça mais sentido. É duro ter que avaliar a vida do escritor em vez da qualidade de sua obra. Mas como acontece com José Saramago, Jorge Amado sofre do mesmo mal. Sua obra literária passa pela biografia do autor para ser criticada. Acho que seria estranho tentar falar da biografia de um autor do século XIX para avaliar sua obra escrita, porém, como em certo momento a atitude política tinha mais força que o objeto cultural, tem uma enorme falha na critica literária, simplesmente, no caso de Jorge Amado, sendo ausente ou precária. E hoje, é quase um afronto tentar criticar sua obra; parece intocável. Pode-se criticar Machado de Assis, mas não Jorge Amado. Não vejo estudos sobre sua obra (digo popular, fora das academias). Eu duvido que entre “Capitães da Areia” (1937) e “O Sumiço da Santa” (1988) seu estilo tenha sido imutável. Mas parece que não se discute sobre literatura, principalmente quando se fala sobre Jorge Amado. Não aparece naturalmente para um estudante essa diferença. Durante meu curso de graduação somente uma vez Jorge Amado foi citado. E o foi por causa do lançamento de um livro de sua esposa. Creio que estudar nos anos 1990 não era o mesmo dos anos 1960. Só sei que falar de Jorge Amado e José Saramago no mesmo dia não é pura coincidência. Os dois formam coleções da Companhia das Letras; os dois são escritores de língua portuguesa; os dois foram militantes da esquerda; os dois geram muita discussão sobre a qualidade de suas obras; os dois possuem um discurso complexo e contraditório. Bem, se já tinha dúvidas a respeito de Saramago, agora as tenho em relação a Jorge Amado também