Bem, não à toa gosto do que escreve Daniel Piza. Ele é um dos poucos que gastam suas linhas escrevendo sobre arquitetura, sendo ele um jornalista formado em Direito. E detalhe: escreve bem. Normalmente quanto leio sobre arquitetura são textos acadêmicos ou de arquitetos. Muitos deles também muito bem escritos.
Neste domingo Piza dedicou um pouco de sua coluna Sinopse, no jornal O Estado de São Paulo, para falar da arquitetura, da arte arquitetônica. Acabou por falar da editora Cosac Naify, uma das editoras que ultimamente vem lançando muitos livros de arquitetos e arquitetura. Também falou do nono livro de Rafael Moneo, algo que já deveria ter comentado aqui, além de divagar a respeito dos pequenos círculos culturais que existem no Brasil (aqui).
Na verdade são três livros que gostaria de falar a respeito: Inquietação Teórica e Estratégia Projetual, de Rafael Moneo, o qual Piza se referiu em seu texto, Maquetes de Papel, de Paulo Mendes da Rocha, e Nova York Delirante, de Rem Koolhaas, todos da Cosac Naify.
Vou começar pelo mais antigo, que já deveria ter sido editado para o português há muito tempo. Koolhaas escreveu Nova York Delirante nos anos 1970, ainda hoje um dos maiores manifestos sobre arquitetura contemporânea. Acredito que o debate sobre este livro até já acabou mundo afora, porém sua publicação no Brasil é importantíssima. O debate se torna mais do que tudo atual para compreender o crescimento de uma cidade, ou pelo menos tentar.
Maquetes de Papel é praticamente um livreto. Mas sua importância está em mostrar algumas idéias de arquitetura longe do computador e da idéia de imagem que se tem de tudo hoje. É quase um contra manifesto, que traria, se existisse debate, uma postura a se pensar um pouco mais na questão do modelo físico. Esta discussão é interessante, pois, um arquiteto como Paulo Mendes podem dizer que é “antiquado”, mas ao ver a oficina de modelos de Antoine Predock, dá para entender a importância dos modelos. Nada contra o uso de computador, principalmente no ato projetual, mas as maquetes, de certa forma, fazem um papel importante. É o que conta o livro.
Por fim, Rafael Moneo. Este livro, Inquietação Teórica e Estratégia Projetual, não fala de Moneo, mas sim da “opinião” de Moneo sobre outros oito arquitetos: Aldo Rossi, Álvaro Siza Vieira, Frank O. Gehry, Herzog & De Meuron, James Stirling, Peter Eisenman, Rem Koolhaas e Robert Venturi & Scott Brown. É um livro simplesmente fascinante. Tudo aquilo que se pergunta à um músico, sempre, sobre suas influências, estão ali colocadas e de forma sistemática e de fácil leitura. Se ainda Moneo fosse só um ensaísta o livro já era um clássico. Ainda somando sua obra, praticamente é achado. E o melhor de tudo: são livros razoavelmente acessíveis (financeiramente).
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