Há mais de três anos publiquei o texto da Newsletter do Instituto de Engenharia, de autoria do ex-presidente Edemar de Souza Amorim. Recebo de vez em quando algum comentário desrespeitoso e muitos comentários a respeito de determinada frase: “Para completar, o governo federal deve deixar a política eleitoreira fora dos corredores da Petrobrás e aumentar o preço da gasolina, pois o maior inibidor dos deslocamentos supérfluos é custo do quilômetro rodado.” (texto completo aqui).
Todo mundo escreve que o preço da gasolina já é um absurdo, etc, etc e etc. Mas vamos ser bastante claros em relação à tese defendida no texto. Mesmo com o valor absurdo existem cada vez mais carros na rua e menos gente reclamando por transporte público de qualidade. Teve, anos atrás, propaganda de uma fábrica de motos que falava sobre o valor da passagem do ônibus e da parcela da moto.
Eu não concordo com a idéia do aumento da gasolina, acho que não é uma solução consistente, e gostaria que o valor da gasolina fosse mais baixo. Mas em relação à tese defendida no texto, parece-me bastante evidente que uma coisa está ligada a outra. Eu andaria de ônibus e metrô, se este fosse realmente mais confortável e mais rápido, principalmente à noite. Como faço horários alternativos de trabalho, já fiquei por mais de uma hora para fazer o trajeto que de carro leva 10 minutos. E a pé é perigoso. As ciclovias seriam ótimas alternativas, se existissem chuveiros nos escritórios... Num país tropical, andar de bicicleta de calça, camisa... Nem preciso falar a respeito... As soluções estão dadas. Se a resposta é lenta, é outro problema. E quanto a estes outros problemas, principalmente a respeito dos governos que não fazem obras de infra-estrutura, eu digo que hoje se está bem melhor em termos de transporte público do que há 15 anos – por experiência própria. Agora, o valor das tarifas é compatível com os valores do resto, dos carros, da gasolina, dos pedágios, dos imóveis, dos aluguéis. Morar no Brasil é caro mesmo.
Sempre defendi menos governo e mais indivíduo e uma idéia de Estado Mínimo. Nesse caso, conformando a minha visão com a tese do texto de Edemar, a tese dele é até bem mais realista do que imagino e tenho como norte. Em muitos momentos sinto alguns de seus preceitos sendo aplicados gradativamente nas cidades. Fico feliz de um texto publicado num blog periférico como o meu ter causado algum momento de reflexão e por terem me escrito uma mensagem. Mas fico muito mais curioso ainda em saber como a pessoa achou esse texto e o meu blog. Quais foram os critérios de busca, quais foram as suas expectativas?
Entendo que é um assunto amplo e de muita reflexão. E realmente não há ainda soluções consolidadas. O mais interessante é, como arquiteto estudioso da história da arquitetura, sou conclamado a dar tais soluções. Como se o fato de ser arquiteto me desse o direito e o dever de ter soluções para tudo... e estas sempre definitivas...